sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Era Hiboriana de Conan

Ontem eu falei a respeito de dois livros de contos sobre Conan e comentei sobre a Era Hiboriana, o período no qual se passam as aventuras do cimério. Comentei também que esta merecia uma postagem própria, mais aprofundada, e é para isso que estou aqui hoje.

AoC-Map Um mapa do mundo na Era Hiboriana

A Era Hiboriana de Conan não pode ser chamada exatamente de “mundo” fictício, o mais correto seria “tempo” fictício, já que de acordo com a mitologia criada por R. E. Howard esse lugar seria a Terra, o nosso mundo, mas em um período pré-histórico desconhecido da antropologia moderna, situado entre o afundar de Atlântida e um outro gigantesco cataclisma que novamente remodelaria os continentes.

Este período fictício da história é um bom exemplo de criação de cenário para histórias de fantasia, já que engloba não apenas uma geografia própria, como também uma história pregressa, e nesse caso também posterior, descrição de povos e culturas e relações entres estas nações.

A grande jogada de Howard ao criar a Era Hiboriana foi construir um mundo cheio de referências ao nosso mundo real, na verdade cheio de versões de locais e povos retirados de vários pontos da história, adaptados e recolocados dentro de um período de tempo ficcional. Com isso, Howard conseguiu estabelecer a possibilidade de tecer histórias de Conan durante a França ou Inglaterra medieval (representados pela Aquilônia), no Egito antigo (a Stygia), na China antiga (cuja versão hiboriana é Khitai), na África negra (os Black Kingdoms), em locais como a exótica Índia (Vendhya), em um império muito similar com a Roma clássica (também representado pelo Império da Aquilônia), e mesmo o norte mitológico dos povos germânicos (Vanaheim e Asgard).

Era Hiboriana O mapa da Era Hiboriana sobreposto sobre o mapa do mundo atual.

Ao criar essas versões de vários locais e períodos de nossa história real, o autor não só gerou a possibilidade de situar as histórias de seu herói em qualquer desses fascinantes locais e períodos, como também produz em seus leitores um sentimento de familiaridade com esses locais através das semelhanças que eles possuem com a história que conhecemos. E tudo isso sem precisar situar Conan em um cenário histórico real (o que poderia resultar em falta de precisão histórica) ou fazê-lo ficar “saltando” no tempo.

E esse mundo, que parece crível e realista, na verdade é completamente improvável. Trata-se de uma imensa mistura de culturas, períodos históricos e influências mitológicas. Provavelmente a Era Hiboriana não sobreviveria a uma análise profunda, mas quem liga? É um mundo interessante e empolgante, que prende nossa atenção.

E apesar dos reinos serem predominantemente povoados por humanos, o mundo de Conan é imensamente povoado de magia e criaturas sobrenaturais. Ou seja, a Era Hiboriana não é nada diferente dos nossos cenários costumeiros de RPG, talvez apenas tenha uma abordagem mais dark do que o costumeiro.

Há muito o que podemos aprender com a Era Hiboriana de Robert E. Howard para levar para nossos cenários de RPG, para torná-los tão ricos e interessantes quanto o período mítico no qual viveu Conan, o cimério!

Um comentário:

  1. Muito bom! Não podemos abandonar esse cenário magnífico, que tem ficado de lado em várias matérias sobre mundos fantásticos.

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