quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Os Elfos Não São Felizes!

É muito comum entre jogadores de RPG o estereótipo de elfos como um povo feliz e amigável, que está sempre fazendo festas e trata a todos com uma polidez invejável. Algumas vezes eu me pego pensando de onde será que veio esse conceito.

Chega a ser curioso, porque na maioria dos cenários de D&D, os elfos não são um povo feliz e cantarolante COM OS OUTROS POVOS. Até podem ser entre si, mas não com estranhos.

Em DarkSun os elfos são nômades isolacionistas que consideram todos os estranhos como inimigos em potencial, e muitas das tribos agem como salteadores do deserto.

Em Eberron os elfos basicamente dividem-se entre uma horda nômade de cavaleiros agressivos de tendência expansionista, ou uma nação isolacionista de necromantes que cultuam os mortos, e não só possuem um exército de mortos-vivos, como são governados por mortos-vivos.

Em Dragonlance eles são praticamente xenofóbicos (alguns povos mais, outros menos), mas todos desprezam os humanos.

Em Greyhawk, os elfos são isolacionistas, tentando manter-se isolados dos problemas de Oerth.

Os elfos de Birthrith, apesar de extremamente civilizados, possuem uma selvageria intrínseca e guardam um ódio de todas as demais raças inteligentes, incluindo os humanos, que puseram fim a seu antigo império e consequente domínio de Cerília.

Em Ravenloft os elfos também são isolacionistas, principalmente devido à reação xenofóbica geral da maioria humana do cenário, e os elfos de Sithicus, que tem origem em Dragonlance, são completamente xenofóbicos com todas as outras raças.

O Complete Book of Elves do AD&D diz claramente que os elfos prezam tanto a vida, principalmente A DE SUA PRÓPRIA ESPÉCIE, a qual julgam superior à vida do resto das criaturas, que utilizam arcos, magias e VENENO para conseguir matar seus oponentes facilmente, sem se expor a grandes riscos.

Acho que só em Forgotten Realms é que os elfos são realmente um pouco mais tratáveis.

E mesmo em outras fontes fora do D&D os elfos não são exatamente o povo mais feliz e amigável do mundo. Em Yrth (cenário do GURPS Fantasy) os elfos também não gostam dos humanos, porque estes estão "invadindo" seu mundo e destruindo todas as florestas em que eles viviam (por culpa dos próprios elfos, que levaram os humanos para lá).

Na Terra Média de Tolkien, ainda que os elfos possam ser considerados em geral um povo amistoso, os elfos da Floresta Tenebrosa são xenofóbicos e agressivos com todos (o Legolas é assim no livro O Senhor dos Anéis, bem diferente do filme!), e os demais se mantém totalmente isolados e alheios aos assuntos dos humanos (no Silmarillion, há mesmo animosidade entre elfos e humanos). Os elfos de Valfenda, quede certa maneira protegem os povos do norte, são uma minoria, praticamente uma dissidência que ainda não decidiu ir para o Oeste.

E notem que até o momento eu sequer fiz menção aos elfos negros, que tendem a ser ainda mais irascíveis que os elfos comuns em todos os cenários!

Devido a todas essas referências, eu sempre vi os elfos mais como um povo orgulhoso, arrogante e arredio do que como um povo feliz e festivo. Não sei porque diabos então o estereótipo de elfo transformou-se em algo feliz e contente, amigo de todas as coisas...

4 comentários:

  1. Excelente postagem, reflete muito do que vejo nos elfos e o como os utilizo em minhas campanhas

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  2. no one ring rpg os elfos sao uma cultura marcial, na 3 ed do d&d os elfos sao os que tem mais talendo de usar armas, ou seja, um elfo independente da classe sabe usar todas as espadas e arcos, nas edições mas antigas eles sao tipo guerreiros/magos realmente eles sao uma raça guerreira e orgulhosa

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  3. No Burning Wheel, os elfos são tão melancólicos, que eles tem um atributo Grief! E mesmo sendo imortais, caso a Grief aumente muito eles podem morrer, literalmente, de tristeza!! Essa versão melancólica dos elfos tem tudo a ver com a versão do Tolkien. Eu gosto desse lance (imortal e melancólico) pra realmente ser uma espécie fantástica e não apenas 'seres humanos com uma cultura diferente'.

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  4. Gosto muito de pensar nos aspectos das raças básicas. A questão dos elfos é que toda essa felicidade é eclipsada pelo fato da sociedade deles sempre ser decadente e eles sempre terem perdido seu antigo império (seja pra o avanço humano ou de monstros). Aí acabam frívolos, distantes, isolados.

    Na verdade cenários de fantasia nunca estão em seu auge, sempre estão decadentes e as pessoas fazem previsões do fim do mundo. É uma tendência nossa, acho que tem a ver com o nosso velho saudosismo, de sempre achar que antigamente era melhor.

    Em Dragon Age e The Witcher é a mesma coisa. No primeiro, os elfos foram escravizados pelo império "romano" há séculos e vivem na merda hoje. No segundo, a própria expansão dos humanos os expulsou cada vez mais pros ermos ou pra miséria (mas aí não são só eles, mas todas as raças não-humanas). Em ambos os casos tem extremistas da raça, e tal.

    Como eu disse lá na lista, tenho um post sobre elfos sendo escrito, mas tem outro foco. Vou citar o teu nele quando um dia for publicar!

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