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domingo, 20 de junho de 2010

Meu Problema com a Customização Obrigatória das Personagens

Uma coisa que eu sempre adorei é a possibilidade de customizar as personagens dentro de um sistema. Lembro que desde os meus tempos de BD&D eu criava classes novas para representar diferentes estilos de personagem. Isso era impulsionado principalmente por um sentimento de que faltavam opções nas regras daquela edição para criar personagens diferentes. Essa também é a razão pela qual eu adoro o sistema GURPS, onde se pode montar exatamente o que se quer de uma personagem.

No entanto, falando especificamente de Dungeons & Dragons, meu amor pela customização acaba quando ela é obrigatória. Até um certo ponto acho aceitável a obrigatoriedade, como no fato de ter de escolher raça e classe, perícias e magias. Mas outros tipos de vantagens, que não estão atrelados à classe e/ou raça da personagem já acho que passa desse ponto.

Vem daí meu desgosto com os feats (os famigerados talentos, na tradução em português). Uma coleção interminável de habilidades, não necessariamente relacionadas com sua classe, que você é obrigado a escolher de tantos em tantos níveis. E pra piorar, cheias de pré-requisitos, dentre os quais os piores são os requisitos de nível.

Digo isso porque requisitos de nível normalmente implicam num tipo de pré-determinação da evolução da personagem, independente de para onde a história a levar. É a mesma razão que me faz não gostar das Classes de Prestígio ou dos caminhos de evolução do D&D 4ªed.

Gosto de quando a história determina como a personagem evolui, de que qualquer customização que envolva regras seja feita quando e se a campanha permitir. Um mago quer pegar alguns níveis de guerreiro? Então precisará encontrar um homem-de-armas que o aceite treinar, e passar algum tempo sob sua tutela. Quer gastar seu ponto de perícia em algum conhecimento obscuro? Encontre uma fonte que contenha tal conhecimento.

É um ponto de vista meio delicado, até mesmo um pouco paradoxal, pois nem sempre é cá ou lá. Dependendo de como as regras são feitas, pode ficar muito bom. Como disse no começo, gosto muito do GURPS, porque todo o sistema de regras é baseado em escolher característica a característica como será sua personagem. Já o D&D é um jogo onde você escolhe arquétipos (classes, raças e alinhamentos) bem mais amplos, customizar em excesso foge do arquétipo, e aí ele perde sua razão de ser.

Da mesma forma, a opção assumida pelo Old Dragon me parece ser adequada (ainda que eu prefira poder escolher ser um druida desde o primeiro nível), porque apesar de ser dependente de nível é uma customização opcional e fruto dos rumos que a personagem tomar no desenrolar da campanha.

Resumindo, prefiro que a customização em termos de regras para o D&D seja feita criando classes e raças novas, ou então kits que não transformem uma classe em algo completamente diferente, ou então que a customização seja feita apenas por roleplay e escolhas do jogador, tudo com boas razões em jogo.

6 comentários:

  1. é um otimo ponto. em relação ao druida (falo por mim, pq tenho tanto a ver com o projeto OD qanto vc), creio que voce poderia ser um clerigo, mas customizar o "fluff" como um druida : roupas, conhecimentos, magias, armas, etc.

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  2. Sim, realmente. Mas eu gosto de como o druida era no AD&D 2ªed, com algumas características próprias, e ainda assim não tão distante do clérigo.
    O druida como ficou na 3ªed também não me agrada muito, porque é distante demais do clérigo.

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  3. Eu continuo preferindo GURPS. Eu nunca entendi porque comprar "pacotes prontos" para meu personagem. Metade da graça é cria-lo exatamente como imaginei e deixar a história construida durante o jogo guiar o desenvolvimento do personagem, mas fazer o que se GURPS é um sistema moribundo...tive que me adaptar ao D&D

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  4. nao acho q o gurps seja morimbundo...um amigo disse algo parecido, um dia:"um jogo só morre se deixarmos de joga-lo"

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  5. Alias, Ellayne, a super revelação da Devir é o GURPS 4 edição

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  6. @Ellayne: Como eu disse na postagem, eu adoro o GURPS (tenho o 3ªed, o 4ªed, e um 2ªed da capa branca autografado pelo próprio Steve Jackson pra você ter uma idéia!), mas também sempre terei o D&D como meu jogo do coração.
    A questão é que são propostas de jogo diferentes, no GURPS você tem total liberdade para criar o que quer, como quer, com evolução lenta, realista e praticamente desnecessária. Já o D&D tem os arquétipos para manter o jogo com um feeling especifico, já que não é um sistema genérico. É mais ou menos o mesmo que quando no GURPS o mestre pré-determina algumas vantagens/desvantagens para os personagens.

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