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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Resenha: Old Dragon

od-capa-1 O Old Dragon era um lançamento muito esperado, e eu não via a hora de ter o livro em minhas mãos. Infelizmente, não consegui chegar a tempo de conseguir uma das caixas básicas em edição limitada que acompanharam o lançamento do jogo, mas ao menos o livro eu comprei. Assim, agora que finalmente tive tempo para terminar de ler o meu manual do Old Dragon, que chegou a algumas semanas, posso fazer esta resenha sobre o livro.

Primeiro de tudo, vou começar pela parte física. O livro é em formato A5, com apenas pouco mais de 150 páginas, bem pequeno e prático para carregar por aí. O inconveninete disso é que livros pequenos são ruins para se deixar abertos sobre a mesa para agilizar algumas consultas, pois costumam fechar sozinhos. Felizmente, o Old Dragon resolve estes problemas com um par de “orelhas” que servem muito bem para marcar o livro em alguma página que venha a ser necessária.

A capa é bonita e chamativa, em um estilo bem limpo que remete aos livros do D&D dos anos 1970, e traz o já famoso e lindíssimo logo do Old Dragon. Internamente, o papel utilizado é muito bom, dando ao livro um aspecto de material de primeira linha. A diagramação é em duas colunas, bem limpa e agradável de se ler.

Mancha Old Dragon Infelizmente, tive um pequeno problema com a impressão do texto; em um dia de muito calor, após eu deixar meu dedo parado muito tempo sobre um pedaço do texto, meus dedos suaram um pouco e a tinta da impressão borrou, formando uma pequena mancha no livro (foto). Isso aconteceu duas vezes. Obviamente, isso não é de forma alguma culpa dos autores do material, e além disso pode muito bem ser apenas um problema específico do meu exemplar, mas de qualquer modo é bom alertar para o fato.

As ilustrações são limpas e bem feitas, com estilos variados. Há algumas que me agradaram bastante (como as ilustrações das raças), mas várias possuem um traço mais “simples”, quase de mangá, que não me agrada muito. Mas isso é apenas uma questão de gosto pessoal.

Já com relação ao texto, mas ainda em relação a partes técnicas, há alguns poucos erros de tipo e inconsistências no texto que necessitam uma errata, mas nada que prejudique o entendimento do sistema.

Quanto ao conteúdo em si, o material é em geral excelente. Ainda que em termos gerais as regras sejam as mesmas do BD&D (nosso querido “D&D da Grow”), há a inclusão de regras novas e modificações que trazem uma nova perspectiva ao jogo. Ou seja, é familiar o suficiente para que qualquer um que saiba jogar D&D consiga se sentir em casa, ao mesmo tempo que é um jogo cheio de novidades e boas surpresas.

Uma das primeiras mudanças quanto ao BD&D é a separação entre raças e classes. As raças são as quatro mais básicas e conhecidas (humanos, elfos, anões e halflings). Aqui é perceptível uma forte influência de Tolkien na descrição das raças, mais ainda do que no D&D/AD&D. Uma coisa que não me agradou muito foi o fato de que aparentemente anões e elfos não começam falando comum, o que implica que personagens dessas raças necessitam de um atributo inteligência 14 para poderem aprender a língua comum e poder se comunicar com o restante do grupo (e do cenário) adequadamente.

As classes também são as quatro originais (homem-de-armas, mago, ladrão e clérigo), mas há muita modificação quanto ao BD&D. Ao invés de THAC0 é utilizado Bônus de Ataque, e as classes possuem valores de Base de Ataque que fogem um pouco do convencional (mais próximo do OD&D do que de edições mais recentes). Dados de vida são rolados apenas até o 9º nível, e há apenas um valor de Jogadas de Proteção, modificado pela Destreza, Constituição ou Sabedoria, dependendo do caso.

Mas a maior novidade nas classes é a inclusão do conceito de “Especializações”. Quando uma personagem chega ao 5º nível, pode optar entre continuar com as características comuns da classe, ou assumir um novo conjunto de características que refletem seu alinhamento e comportamento. Alinhamentos estes que por sinal se restringem ao eixo ordem-caos.

Não há grande novidade nos equipamentos e outras regras auxiliares, apesar de haver algumas regras simples e úteis sobre armas e armaduras raciais. O combate possui algumas modificações interessantes, como a possibilidade de se mover e realizar outra ação no mesmo turno, algo inexistente em edições mais antigas do D&D. A CA é crescente, condizente com a opção de Bônus de Ataque utilizada no sistema. Há também uma solução elegante para os modificadores de iniciativa das ações e regras opcionais de críticos.

Não há muita modificação no sistema de magias, que vão até o 7º círculo para clérigos e até o 9º para magos. A regra de contramágica é bem fácil e interessante, permitindo até redirecionar uma magia contra seu conjurador.

A maior alteração do jogo em relação ao D&D é com certeza quanto aos itens mágicos. Estes são sempre definidos como caóticos ou ordeiros, e possuem características intrínsecas de acordo com seu alinhamento. Itens ordeiros são mais confiáveis e menos poderosos, itens caóticos têm grande potencial de poderio, mas podem gerar grandes inconvenientes. Percebe-se aqui também uma certa influência de Tolkien no design, principalmente nos anéis mágicos.

Encerrando esse magnífico livro há uma lista de monstros com mais de 50 entradas, contendo desde os monstros mais comuns como esqueletos e goblins, até monstruosidades cósmicas como Chtulhu e Arak-Tachna.

A única coisa que faltou foi uma planilha anexa ao livro, mas não é um problema dada a simplicidade do sistema, que torna fácil anotar as estatísticas numa folha de caderno. Mesmo assim, também é possível baixar planilhas oficiais no site do jogo.

Em resumo, é um ótimo jogo para quem está afim de um sistema simples e dinâmico, fácil de aprender e divertido de jogar. O livro é bem tranqüilo para um iniciante se aventurar no mundo do RPG, além de ter um preço bem acessível, o que também é um grande trunfo do Old Dragon.

6 comentários:

  1. Eu ainda estou lendo o meu (junto com Rastro de Cthulhu, ReOps, GURPS 4 e Dragon Age... o natal foi recheado, hehehe), mas gostei bastante do que já li.

    Como professor e revisor que sou, também achei que a linguagem poderia ter sido um pouco melhor trabalhada, mas se eu tivesse 15 anos nem ligaria para isso.

    Independente disso, é o sistema que adotei nas mesas online do meu blog, e os resultados têm sido excelentes.

    Neto e Neme estão de parabéns, pois realmente conseguiram me fazer sentir com 15 anos novamente, jogando AD&D com a gurizada depois da escola.

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  2. Olá Igor,

    Antes de qualquer coisa, muito obrigado pela resenha! Valeu mesmo.

    De tudo o que escreveste, me chamou atenção o texto borrado com suor! O.o Essa é novidade pra mim, heheheh.

    Abraços

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  3. otima resenha, igor!
    e mantenha seus dedos suados longe do meu livro :P

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  4. Valeu pela resenha! é sempre bom ler uma crítica antes do livro chegar :D

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  5. @Mr. Pop: Eu é que devia agradecer pelo excelente material que vocês criaram!

    O caso do borrão, como eu disse, talvez seja apenas um problema específico do meu exemplar. Além disso, não é como se eu tivesse de ter cuidado para não tocar no livro o tempo todo. Quando aconteceu estava realmente muito calor, e só borra se ficar realmente muito tempo com o dedo parado sobre o texto (aprimeira vez aconteceu quando fechei o livro e deixei um dedo dentro marcando a página, enquanto conversava com outra pessoa).

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  6. Ótima resenha :). As especializações foram uma sacada bem legal.
    Sobre o borrão, no meu tbm tem. No meu o borrão é consideravelmente mais leve que esse, só que são 3 ou 4 dedos (não são meus), tem até digital xD. Provavelmente alguém da gráfica ao pegar o livro logo depois da impressão.

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