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terça-feira, 17 de maio de 2011

Chris Pramas Disse: a OSR é Legal!

Neste último fim de semana, como vocês já sabem, rolou a segunda edição da World RPG Fest. O evento foi muito legal, muitas mesas de RPG, card games, wargames, estandes de várias empresas, live action, o pessoal do Star Wars, do Steampunk, os Trekkers, e muita gente, tanto nova quanto velhos conhecidos meus. E claro, os convidados nacionais e principalmente os internacionais!

Confesso que inicialmente minha intenção era assistir apenas à palestra do Steve Jackson (o do GURPS, não o das Aventuras Fantásticas), mas por fim acabei assistindo também a do Chris Pramas.

Chris Pramas Mr. Pramas disse: A OSR é Legal!

Ainda bem, porquê a palestra com o Chris Pramas foi muito interessante. Ele falou sobre seu início na indústria do RPG, como ele passou de simples jogador a designer somente fazendo contatos com as empresas nas convenções, sua primeira editora falida, sua passagem pela TSR e Wizards of the Coast, sua demissão e finalmente a criação da Green Ronin Publishing. Mas o mais interessante foi sua explanação sobre o desenvolvimento do Dragon Age RPG.

Ele contou que na verdade ele nunca jogou a versão virtual de Dragon Age, e que a mecânica usada no RPG em nada tem a ver com a mecânica usada pelo video-game. A única coisa que o RPG aproveita dos jogo de PC é mesmo o cenário, esse sim fiel aos video-games. Segundo ele, a idéia por trás do design desse jogo não é reproduzir na mesa o que acontece no PC; se você quer a mesma experiência é melhor continuar jogando no PC. A intenção é realmente usar a popularidade do jogo de PC para atrair novos jogadores ao RPG e mostrar a eles novas possibilidades e novas experiências dentro do mundo criado para o jogo Dragon Age.

Um pensamento um pouco oportunista do Sr. Pramas, alguns podem pensar. Mas não é bem isso, considerando que foi a BioWare quem foi atrás de alguém para produzir o RPG. Pramas na verdade fez disso o melhor possível: não tentou transformar Dragon Age RPG numa simulação de video-game, mas fez sim um verdadeiro RPG, na contramão de algumas tendências atuais. Confesso que não sou um grande conhecedor de Dragon Age RPG, mas o Sr. Pramas conseguiu vender o peixe dele muito bem. Deu até vontade de comprar o jogo.

Mas mais interessante do que isso, foi a resposta dele à minha pergunta: “Qual sua opinião sobre a Renascença Old School no RPG?”. A resposta dele foi: “Eu acho legal.”; ao que se seguiu uma explicação de como ele acha importante que os jogadores saibam de onde veio os jogos que eles jogam hoje, onde e como tudo isso começou, e como as mecânicas vem evoluindo ao longo das décadas. Ele comentou inclusive como os jogadores de video-game desconhecem a origem rpgística de muitos dos jogos de hoje em dia, algo que ele gostaria que fosse resgatado.

Tio Steve Evil Steve em pessoa! (Não, não é o cara das Aventuras Fantásticas!)

A outra palestra que assisti e que valeu a ida ao evento foi a de Steve Jackson. Um palestrante incrível, que fala incrivelmente bem de improviso, bem-humorado, com uma capacidade de observação fantástica, simpático e modesto. Juntando tudo isso ao fato de ser um game designer estupendo, o cara merece a posição como um dos meus “heróis” na indústria de RPGs.

Steve Jackson falou um pouco sobre sua carreira, e fez uma magnífica parábola sobre o que difere os rpgistas das outras pessoas: nós aprendemos muito cedo nos RPGs a trabalhar em conjunto (ou ao menos deveríamos ter aprendido). O Sr. Jackson mostrou alguns novos jogos e protótipos de sua empresa, e falou também sobre game design, dando inclusive algumas dicas sobre o processo, que podem ser resumidas em:

  • Bote suas idéias no papel, sejam boas ou não. Se você não começar, nunca vai ir a lugar algum;
  • Aprenda muito bem a lingua na qual você escreve. É importante que você saiba explicar exatamente o que você quer que seja feito no jogo, as regras devem ser claras;
  • Faça playtestes. Muitos deles. E faça direito, escolhendo bem o seu grupo-alvo para o jogo, e ouvindo ao que eles dizem sobre o jogo;
  • E não desista, continue com o seu trabalho.

Houve também uma divertida auto-entrevista do Steve Jackson, com as perguntas que mais frequentemente fazem a ele, para adiantar o processo antes de ser aberta a oportunidade para as perguntas da platéia.

Duas grandes entrevistas, com dois grandes game designers que, para nossa sorte, estão trabalhando na indústria do RPG, e parecem ter ainda muito fôlego para trabalhar e grandes idéias para mostrar.

2 comentários:

  1. Muito interessante. Sobre Dragon Age RPG, eu nunca joguei o video game, mas tenho o rpg e já joguei algumas vezes. Se procurar, vc até encontra alguns posts lá no Clérigo sobre o jogo.

    Mas uma coisa eu posso dizer sobre DARPG: fez com que eu deixasse de lado D&D 3.5. O sistema é ridiculamente simples, contando inclusive com rolagem aleatória de atributos. A ficha é muito clean e a mecânica é bárbara. Vale a pena mesmo.

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  2. @O Clérigo: De minha parte, o que me afastou do D&D 3.5 foi o próprio D&D 3.5. Mas um dia ainda tenho de jogar o Dragon Age RPG.

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