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sábado, 12 de novembro de 2011

Rolar ou Não Rolar, Eis a Questão?

Tem uma questão que sempre volta à tona no círculo dos jogadores de RPG: pedir ou não rolagens em situações sociais?

Minha opinião é a seguinte:

NUNCA role quando é possivel resolver tudo de outra forma. Nunca MESMO.

Uma situação social, em geral, não passa de uma conversa entre um personagem de jogador e um NPC. Se há alguém interpretando o PC e alguém para interpretar o NPC, porque rolar dados, se é apenas cada um falar e reagir como as personagens em questão falariam e reagiriam?

Afinal, trata-se de Role-Playing Games, se não houver role-play é apenas um jogo de tabuleiro comum. Além disso, porque complicar se dá pra simplificar tudo? Porque deixar sua sorte ser decidida por uma rolagem aleatória de dados, se você pode simplesmente agir de modo correto através do role-play e garantir o seu sucesso?

quem prefira rolar toda e qualquer ação, e apenas interpretar de acordo, mas isso torna o jogador apenas figura reativa, passiva à vontade do dado, e não personagem ativo do mundo de jogo. Como eu já disse aqui uma vez, o único momento em que as coisas devem ser em sua maioria decididas por rolagens é o combate, e isso porque o combate é sempre altamente mortal, e seria muito injusto deixar o mestre decidir quem morre e quem vive em todos os combates.

Lembremos também que, muitas vezes, se os jogadores fizerem tudo direito e do modo mais esperto possível, podem evitar a maior parte dos combates e resolver tudo apenas descrevendo suas ações e através do role-play. E, de lambuja, garantindo a sobrevivência de suas personagens!

Fora isso, há outra coisa que eu entendo como regra padrão imutável em um RPG:

O jogador nunca declara que vai realizar uma rolagem. Ele descreve a ação que sua personagem irá realizar, e então o mestre determina se é necessário uma rolagem ou não.

Jogador que diz “vou rolar tal coisa” está tentando retirar do mestre sua autoridade sobre o jogo. Jogador não tem autoridade sobre o sistema, apenas sobre as ações de sua personagem, logo, ele não determina como uma situação será mecânicamente resolvida.

Do mesmo modo como um mestre não deve dizer “seu personagem fez isso” (exceto em situações extremamente específicas, como em um controle da mente por um NPC), porquê esse é o escopo de atuação exclusivo do jogador, um jogador não deve dizer quando os dados devem ser rolados, porquê esse é o escopo de atuação exclusivo do mestre.

7 comentários:

  1. Concordo em parte .Esse assunto de fato é complicado.Em contrapartida a sua opnião tem a questão dos pontos distribuídos nas características sociais e caimos na velha questão do barbaro burro , int 6 ou car 6, feito propositalmente assim, mas que resolve brilhantemente todas as questoes ou leva todo mundo pela lábia.iniciei o meu blog e abordarei essa questao em pouco tempo por lá: http://crossoverpg.blogspot.com/ ... belo artigo amigo , voce escreve muito bem continue assim...abraços

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  2. @Naldo lima: Primeiro, obrigado pela visita! Em segundo, confesso que não consegui encontrar sua abordagem desta questão em seu blog. Gostaria mesmo de ler, pode me passar o link da postagem?

    Agora, em relação a esses pontos de habilidades e valores de atributos, vai de bom senso do mestre. Como eu falei no texto, ele decide quando precisa rolagem, quando não.

    O mestre também simplesmente pode assumir que valores de atributos ou perícias, assim como a boa ou má interpretação do jogador (interpretar o bárbaro de int e car 6 como um negociador profissional da polícia é má interpretação) podem modificar o resultado final da interpretação do jogador, para melhor ou para pior. Do mesmo modo como ele pode interromper o jogador e dizer "seu personagem não tem habilidade para fazer isso". Rolagem não é necessária, a menos que se queira que seja.

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  3. Curti o post. Realmente, se não tiver interpretação por parte do jogador, pq o jogo haveria de se chamar Role Playing Game? Sabe, às vezes fico analisando esses assuntos polêmicos e o que o pessoal comenta e lembro de quando comecei a jogar RPG. Sinto certa nostalgia, pois me divertia mais. Todos os jogadores novinhos... Ninguém ficava lá discutindo regra, se rolava um teste, se não rolava. O que importava era dar a sequência na história e rolar teste se aquela ação pudesse mudar drasticamente o rumo das coisas, caso fosse feita apenas na interpretação. Parece que quanto mais velho ficamos, mais complicamos XD

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  4. Eu faço assim, gosto muito do ROleplay para resolver as coisas, mas peço uma rolagem de Carisma ou teste de reação para dar o tom da cena.

    Se falhou, a interação será mais complicada, se passou, mais fácil. Se forem críticos (falha ou acerto) as coisas ficam mais extremas.

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  5. @Danielfo: Exatamente o quanto eu acho que as rolagens devem influenciar: uma única, no início do encontro, que não determina o resultado, mas dá o tom inicial da conversa. Também conhecido como o bom e velho "teste de reação".

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  6. Uma vez li em um site uma coisa que me chamou a atenção e passei a adotar como forma de pensar o jogo: RPG, mais que interpretação de personagem, acaba sendo interpretação de ficha.

    Entendo que uma boa interpretação possa substituir os rolamentos de encontro social...

    ..., bem como uma bela descrição da luta possa substituir os rolamentos de combate

    Porque, vamos convir, o raciocínio é o mesmo.

    O fato de eu ser um bom nadador na vida real não interfere em nada na natação do meu personagem. Então, como eu posso fazer uso da minha persuasão pessoal, da minha inteligência e da minha intuição para fornecer benefícios a um personagem de atributos medianos nesse aspecto?

    O caso mencionado do bárbaro de Inteligência 6 é um problema de interpretação de ficha, que se torna assim, um problema de interpretação de personagem.

    E que eu faço nos meus jogos em cenas de interpretação é o seguinte: o jogador me fornece argumentos. Com base nisso eu o premio com bonificações nas suas perícias sociais. Mas no fim, são os dados e os valores base das perícias do jogador que determinam o sucesso do encontro. Isso às vezes me lembra pessoas que falam coisas dentro da mais pura razão, mas que não convencem ninguém; enquanto um político que fala coisas absurdas consegue arrastar multidões: nos 2 casos, em minha opinião, foi técnica; e circunstancia do momento (sorte) que determinou o resultado da ação.

    Desabafo aqui uma idéia minha, polêmica, sobre RPG, em conversas com um amigo meu, o Tiago Pacheco (ele inclusive não concorda com isso...rs)

    Eu cheguei à conclusão que eu não jogo RPG (Role Playing Game = Jogo de Interpretação). Eu jogo PGR (Playing Game with Role = Jogo com Interpretação).

    Eu gosto mesmo é do aspecto jogo do RPG, mas acho fascinante como a interpretação e as boas idéias podem remodelá-lo. Elas NUNCA faltarão em minhas mesas (ao contrário, fico fulo quando inexistem – eu costumo dar 1PE [equivalente a 100xp no nível 1 de D&D] para quem me trás uma história de personagem por escrito). Gosto da interpretação quando ela auxilia a criar novas mecânicas de jogo, ou novas formas de trabalhá-las, ou simplesmente para lhe dar sentido. Não gosto de rolar de dados como se fosse um videogame de papel, então vejo na interpretação o caminho para dar sentido a essas rolagens.

    Convém lembrar que eu sou fã de D&D e todas essas conjecturas, na minha modesta opinião, só ficam firmes neste tipo de jogo. Não incluo GURPS, Vampiro e diversos outros nas minhas teorias.

    No fim, acho que remonto o principio do RPG, quando se jogava Wargame, e alguém resolveu reinterpretar as ações dos personagens: ao invés de levar um exército para demolir as muralhas, resolveu se infiltrar pelos esgotos para atacar de surpresa. Começa-se aí a interpretação, não só da ficha, mas do personagem com o todo, com o meio.

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  7. @Alantagmar: Ao menos você concorda com o fato de que você joga PRG! Já eu, prefiro RPG mesmo!

    Brincadeiras à parte, eu concordo em parte com você: deve haver a interpretação da ficha do personagem. Mas não no sentido do "rola e interpreta o resultado", mas sim do "interprete seu personagem, como ele deve ser". Não fazê-lo é má interpretação, que merece punição de XP. Se o personagem não é capaz de ser persuasivo e manipulador, é só o jogador interpretá-lo não o sendo. Pronto, resolvido todo o problema.

    Por isso que eu não gosto de perícias sociais nos jogos, porque elas forçosamente levam ao jogo nos moldes que você falou. OD&D, BD&D e AD&D são perfeitos para mim nesse sentido, pois a parte social é deixada totalmente nas mãos do jogador. Os únicos parâmetros da ficha que podem ser levados em consideração para estas situações, se os envolvidos assim quiserem, são os valores dos atributos.

    E eu discordo totalmente do argumento de que interpretação e rolagens possam ser tratadas de forma igual em situações sociais e situações de combate, e o porquê dessa discordância está no terceiro link que inclui na postagem acima.

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