Agora que o básico sobre pintura de miniaturas já é conhecido, e talvez muitos já tenham começado a se exercitar com suas primeiras pinceladas, vamos nos aprofundar um pouco mais nas técnicas que darão maior realismo à pintura de suas miniaturas.
Lembre-se de aplicar todos os conceitos que já foram explicados até aqui ao utilizar essas técnicas.
Sombras e Luzes (Shades and Highlights)
A idéia principal por trás da grande maioria das técnicas mais avançadas de pintura é simular pontos de sombreamento e iluminação na miniatura. Isto serve para fortalecer o senso de profundidade e ressaltar os detalhes na escultura, e se mostra necessário já que a luz incide nas miniaturas de forma um pouco diferente do que seria nos objetos reais que elas representam. Por isso essas técnicas normalmente são chamadas de efeitos de luzes (highlights) e sombras (shades).
Apesar do nome, algumas dessas técnicas também podem ser utilizadas para realizar degradês de cores, como na mudança do tom de pele do dorso para a ventre em um réptil.
Várias técnicas existem para esse fim, mas por hora veremos duas das mais básicas: a ponta seca (drybrush) e a aguada (washing).
Camada base
“Camada base”, “camada básica”, ou base coating, é o primeiro procedimento a ser realizado ao utilizar qualquer técnica de shades e highlights. Consiste em pintar a área com uma única cor sobre a qual as técnicas de pintura avançadas serão realizadas.
Na maioria dos casos, a camada base é feita na cor média que se quer obter naquela determinada área (por exemplo, vermelho no caso das escamas de um dragão vermelho).
Ponta Seca (Drybrush)
A técnica da “ponta seca”, ou drybrush, é um dos modos mais fáceis e rápidos de realizar o highlight em superfícies com texturas. É uma técnica difícil de ser aplicada em áreas muito pequenas e por isso algumas pessoas não a recomendam, mas em contrapartida também é muito mais simples do que outras técnicas de highlight. Funciona muito bem para a pintura de escamas, cotas de malha, pêlos, cabelos, e para usar em cenários (como rochas, por exemplo).
Para aplicar essa técnica, a primeira coisa a fazer é aplicar a camada base sobre a área a ser trabalhada. Como dito anteriormente, a camada base normalmente é da cor que se quer para a região, num tom mais escuro do que será aplicado no drybrush. Uma excessão a essa regra é para pintura de cota de malha, onde a camada base deve ser aplicada em preto, mesmo que o drybrush seja feito em prateado, obtendo-se um resultado final melhor.
A idéia por trás do drybrush é retirar quase inteiramente a parte líquida da tinta do pincel, deixando ele quase seco, mas ainda com pigmentos. Para isso, mergulhe o pincel na tinta o suficiente para cobrir metade das cerdas e retire a maior parte da tinta passando as cerdas em um papel toalha até a tinta parar de deixar traços visíveis.
Então pincele de leve a superfície com a camada base já seca, usando as pontas das cerdas, de modo que a tinta irá aderir apenas nas áreas mais proeminentes. O drybrush pode ser aplicado em várias camadas sobrepostas, mas a cada nova camada deve-se misturar a tinta em um tom mais claro que o anterior, e a cada vez as pinceladas devem ser mais leves e superficiais que na camada anterior.
Aguada (Washing)
“Aguada”, wash, ou washing, é de certo modo uma técnica irmã do drybrush, mas para realizar shades de forma rápida. Também é melhor para superfícies com texturas, como escamas, cotas de malha, pêlos, cabelos, mas funciona bem também para ressaltar dobras de roupas e outros detalhes das miniaturas.
Para aplicar o washing também é preciso primeiro aplicar a camada base. Com a camada base seca, é necessário diluir um pouco de tinta para realizar o washing. A diluição deve ser bem aguada, numa proporção de 2/3 de água para 1/3 de tinta, ou ainda mais aguada. O importante é não deixar a tinta grossa demais, pois isso pode estragar sua pintura.
Ao aplicar a tinta diluída sobre a área escolhida ela deve escorrer e se alojar nas áreas mais profundas e reentrâncias, gerando a ilusão de sombras. Cuidado para não aplicar o washing com muita tinta no pincel, pois isso pode acabar afogando sua miniatura em tinta possivelmente estragar seu trabalho. O melhor é trabalhar aos poucos e com calma.
Para o washing a tinta diluída não precisa ser da mesma cor que a camada base, apenas mais escura que ela. É comum aplicar washing com tinta preta ou marrom diluída, independente da cor da camada base.
Essa técnica tem mais aplicações do que o drybrush, mas é um pouco difícil de ser domada com perfeição. Quanto mais você dilui a tinta acrílica, mais fraca fica a cor, e o resultado é que o washing pode ser utilizado sempre que você não quer esconder completamente uma superfície com a tinta.
Combinando Washing e Drybrush
As duas técnicas que expliquei acima podem ser aplicadas em conjunto obtendo um resultado final muito bom. Para isso é importante que primeiro seja aplicada a camada base, depois o washing, e por último o drybrush.
Perceba também que a última aplicação de tinta, seja com qual técnica for, deve estar bem seca antes de se aplicar a seguinte, caso contrário todo seu trabalho será destruído.
Olá. Parabéns pela ótima série. Não entendi bem como fazer essa camada base. Depois da miniatura já pintada eu tenho que passar uma camada de tinta da mesma cor? A camada base não seria a própria tinta da miniatura já pintada?
ResponderExcluirFelipe, a "camada base" nessa técnica é a primeira coisa após aplicar o primer.
ExcluirÉ a cor geral que você pretende dar para aquela parte especifica da miniatura (assim, o rosto terá uma camada base, a armadura outra, as botas outra, etc.).
Após a camada base é que você aplica as técnicas de sombreamento e iluminação.