A alguns dias atrás estávamos conversando na lista de discussão do Old Dragon sobre as classes e raças, basicamente sobre como não havia diferenciação entre ambas no BD&D e o porque do Old Dragon utilizar a opção do AD&D que separa raças de classe.
Explicando para quem não conhece, nas primeiras edições do D&D, elfos, anões e halflings eram cada um uma classe de personagem. Ou seja, não existiam elfos magos, anões clérigos, ou halflings guerreiros, apenas “anões”, “elfos” e “halflings”, e todos os “guerreiros”, “ladrões”, “magos” e “clérigos” eram humanos. Foi apenas no AD&D 1ªed em que aconteceu a divisão entre raças e classes, permitindo a combinação de qualquer raça de personagem com qualquer uma das classes de personagem do jogo (ou quase isso).
Algumas pessoas entendem que a abordagem de raças como classes (como era no BD&D) não faz sentido; outras acreditam que a divisão entre raças e classes descaracteriza os arquétipos das raças; e alguns outros ainda ficam em um meio termo entre esses dois pontos de vista (como eu).
Como esse é um assunto interessante, vou reproduzir aqui a opinião que dei na lista de discussão (ou seja, para quem participa de lá, nada de novo por aqui), falando sobre os prós e contras de cada abordagem. Então, vamos lá:
A grande vantagem do sistema de raça como classe é reforçar o arquétipo da raça dentro do jogo. Assim, se tem certeza de que as raças semi-humanas não serão desvirtuadas por uma interpretação errada do que elas devem ser.
Alguns irão dizer que isso “depende do cenário”, e por isso não faz sentido. O erro aqui é pensar que o D&D como descrito em seus módulos básicos, ou mesmo sistemas derivados como Old Dragon, não possuem um cenário. Errado está você, jovem padawan!
Tanto os módulos básicos do D&D, quanto do Old Dragon ou Labyrinth Lord, descrevem sim um cenário, ainda que não descrevam nenhuma história ou geografia específica. O cenário padrão desses jogos é um em que as raças, classes e monstros sejam exatamente como descritos nos livros básicos, onde a magia funciona como está descrita ali, os itens mágicos sejam daquela forma, etc. Prestem atenção e verão que há muito “fluff” na descrição dessas coisas, e as raças e monstros tem costumes e comportamento descritos, ainda que de forma breve.
Gostemos ou não, isso É um cenário!
O que acontece é que cenários específicos lançados para utilizar esses sistemas de jogo podem, estes sim, alterar o que é definido pelo “cenário base” do sistema. Ou seja, não é que o Forgotten Realms cria um cenário para um jogo que não o possui, mas sim que ele altera o cenário já existente no jogo mantendo apenas as regras.
Já a abordagem de raça e classes separadas não ajuda tanto a reforçar o arquétipo, mas facilita criar personagens mais diversos, mesmo aqueles que fogem do arquétipo da raça. Afinal, apesar de ladrões não serem a maioria na sociedade élfica, isso não quer dizer que não exista um ou outro. No sistema de raça como classe, se o mestre quisesse introduzir um elfo ladrão, teria de criar ele próprio uma variante da classe “elfo” para se encaixar no conceito. Com raças e classes separadas, isso já está pronto.
Em resumo, as duas abordagens fazem sentido, uma tanto quanto a outra. As duas tem seus prós e contras, qual é melhor e qual é pior sendo algo totalmente subjetivo. Eu particularmente prefiro raças e classes separadas, pela facilidade que dão ao mestre e jogadores na hora de criar personagens que fogem do padrão. Mas é só isso: preferência pessoal.
Eu acredito que raças separadas sejam um dos grandes trunfos de ad&d.
ResponderExcluirRaças são simples de criar e trazem uma grande bagagem interpretativa. Além da vantagem q vc citou tbm vejo q se o mestre quiser criar uma nova raça, ele vai ter realmente muito pouco trabalho.
Eu acho fraco o argumento q o sistema de raça + classe seja melhor q raças separadas pois fortalece a interpretação e o arquetipo.
Para contrapor isso basta fazer uma boa descrição da raça e colocar sugestões para restrição de algumas classes explicando o porque da restrição.
Na verdade, o OD&D separava classe de raça, mas anões e hobbits só podia ser guerreiros. O elfo podia ser guerreiro ou mago e mudar a cada aventura. :)
ResponderExcluirEu também fico no meio termo. Gosto muito das raças como classes por que acho que torna os personagens bem diferentes das outras classes normais. Mas não vejo empecilho em ter um anão clérigo, ou elfo guerreiro.
Separar raça da classe do personagem abre um bom leque de possibilidades. Acho que o rpg narra acontecimento incomuns sobre seres incomuns em eventos incomuns, mesmo nos padrões de um mundo de fantasia medieval. Por esse motivo sou a favor das classes e raças separadas, se quiser um anão mago, que seja um anão mago huahuhau.
ResponderExcluirTambém gosto mais das classes e raças mais separadinhas, sem o impedimento de restrições, acho que estas devem ser aplicadas através de cenários específicos, como senhor dos anéis, mas tratando-se de cenários mais genéricos tudo deve ser mais amplo e aberto.
ResponderExcluirAcho que as raças como classes foram introduzidas mais pelo fato de que na época que o D&D foi feito, era mais comum nos contos e histórias que fizeram a ideia surgir que aquelas raças fossem mostradas como "especialistas" em certos assuntos, assim dando aquela ideia de sempre "o anão é guerreiro" e "o elfo é bom na espada e na magia". Mas eu apoio por completo a separação, é ótimo diversificar com raças e classes misturadas ^^
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