quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Fontes de Inspiração: Conan, O Cimério – Volume I e II (Robert E. Howard)

Com a estréia nacional do novo filme do Conan nesta semana nada melhor do que falar de uma grande fonte de inspiração: as histórias de Conan escritas por Robert E. Howard!

As histórias sobre Conan e a Era Hiboriana, criados por Robert E. Howard nos anos 1930, são em minha opinião uma das principais fontes de inspiração sobre as quais foram geradas as principais idéias sobre “fantasia” do D&D. As outras seriam os contos sobre The Dying Earth, de Jack Vance, e as histórias de Fafhrd and the Gray Mouser, de Fritz Leiber.

conrad_editora-conan_o_cimerio1 Em 2006 a Editora Conrad lançou no Brasil uma coletânea de obras de Howard protagonizadas por Conan, composta por dois volumes, intitulada Conan, o Cimério. Esses dois volumes trazem algumas das obras originais do criador da personagem (sim, porque há histórias de Conan pelas mãos de outros autores), apesar de estar longe de serem todas as existentes.

Além dos contos propriamente ditos, há também poemas, mapas, rascunhos e fragmentos originais de Howard,além de notas sobre as obras contidas nestes volumes. Isso sem falar das grandes ilustrações de Mark Schultz.

Nestas histórias é possível conhecer Conan como originalmente concebido: um bárbaro forte e poderoso em combate, um homem rude mas honrado, ainda que pouco “civilizado”. Inclusive, a civilização é frequentemente representada como algo corrupto e decadente nas histórias de Conan, fazendo do fato dele ser um bárbaro uma espécie de qualidade.

Conan não é um herói comum, mas também não é exatamente um anti-herói. Conan é guiado muitas vezes por ganância, luxúria, vingança, e frequentemente é impiedoso com seus inimigos, mas ao mesmo tempo realiza atos de nobreza e até mesmo bondade real.

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Um ponto importante é que Conan não é o brucutu sem cérebro que tornou-se lugar comum ao se referir à personagem. Muito pelo contrário, Conan é extremamente astuto e inteligente (ainda que seja mais um homem de ação do que um pensador), que aliado ao seu carisma natural, força e agilidade, torna-o praticamente um homem perfeito, um arquétipo bem comum nas histórias pulp.

Outro aspecto da personagem que algumas pessoas não conhecem é que a primeira história de Conan escrita por R. E. Howard, intitulada A Fênix na Espada, já traz o bárbaro como Rei da Aquilônia, e só depois é que sua história como ladrão, pirata e guerreiro mercenário foi desenrolada.

A trajetória de Conan, de ladrão bárbaro a rei usurpador de um grande império, é uma clara influência para a trajetória de uma personagem de AD&D, que começa sua carreira como um reles iniciante nível 1 e termina como um Lorde, Senhor de Terras, Líder de Guilda, etc.

O molde das histórias também é interessante e lembra bastante o adotado nos primórdios do RPG: cada história conta um episódio da vida de Conan, e não há necessariamente um elo de ligação entre uma aventura e outra, exceto pelo protagonista. Desse modo, Conan mostra-se um aventureiro clássico, enfrentando aventuras dos mais variados tipos por todos os locais de seu mundo.

Alguns outros aspectos clássicos do D&D também aparecem nessas histórias: a masmorra cheia de perigos sob a fortaleza de um mago (em A Cidadela Escarlate); monstros e seres sobrenaturais; cidades perdidas e ruínas habitadas por criaturas e povos ancestrais; magos malignos, deuses antigos e demônios estranhos; entre tantas outras coisas.

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Tão importante quanto para o gênero de RPGs de fantasia é a própria Era Hiboriana, com sua qualidade de criar uma ilusão de realismo fantástico, mas esta merece uma postagem mais detalhada um outro dia.

Em suma, esses contos são uma leitura quase obrigatória para aqueles que são fãs do estilo sword & sorcery, e para todos aqueles que se interessam por fantasia, pois ajudaram a definir os moldes das histórias de fantasia.

Os dois volumes lançados pela Conrad, apesar de serem de 2006, não são tão difíceis de serem encontrados. Eu mesmo adquiri os meus no ano passado, novos, em uma livraria. Vale a pena dar uma procurada.

4 comentários:

  1. Confesso que nunca li os livros do Conan, mas a sua versão em quadrinhos foi uma das minhas fontes de inspiração para jogar RPG!

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  2. @Oráculo: A Espada Selvagem de Conan era uma revista muito boa, cheia de boas idéias para aventuras de RPG.

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  3. eu confesso q gosto (falando de quadrinhos) mais da versao "moderna"< da dark horse (cary nord, eu acho) do que da ESC(apesar de alguns classicos serem imortais)

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  4. @Rafael Beltrame: Para mim dificilmente vai ter um trabalho melhor do que os roteiros de Roy Thomas com a excelente arte P&B de John Buscema presentes na ESC.

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