Hoje, 03 de Janeiro de 2011, faz 119 anos que nasceu J. R. R. Tolkien, criador da Terra Média e dos Hobbits. Com certeza, este não será o único blog de RPG a escrever sobre o Professor Tolkien hoje. No entanto, decidi aproveitar a data para iniciar uma nova sessão aqui no Dungeon Compendium.
Nas postagens sob o nome “Fontes de Inspiração” eu pretendo falar sobre livros, filmes, quadrinhos e outras fontes que podem servir como boas fontes de inspiração para nossos jogos de RPG, principalmente os de fantasia. E para abrir com chave de ouro, como uma homenagem ao ilustre aniversariante, vou falar um pouco da obra-prima de Tolkien: O Senhor dos Anéis.
Acredito que não seja necessário falar muito sobre a história de O Senhor dos Anéis, já que após o lançamento dos filmes (e não é deles que estamos tratando aqui) todo mundo conhece a história. No entanto nos livros (e é deles que eu estou falando) a história é muito mais profunda, e muito menos voltada para a ação.
O formato original desta história magistral é uma trilogia, com cada um de seus três volumes divididos em dois livros. Apesar disso, a muitos anos atrás O Senhor dos Anéis foi lançado no Brasil como uma coleção de seis livros separados, e atualmente é fácil encontrar a obra em volume único.
A história é impecável, e cada parte da narrativa é tão importante para o desenrolar da aventura que qualquer corte mutila completamente o que está sendo contado (exatamente por isso os livros são imensamente superiores aos filmes). Algumas pessoas criticam o estilo literário de Tolkien, dizendo que ele é muito minucioso nas descrições, mas gosto é gosto e isso não se discute. Particularmente, eu gosto muito de como os livros são escritos, pois dão um ar de “realidade” à história.
Mas o que torna O Senhor dos Anéis mais importante é que a obra estabeleceu paradigmas que hoje são quase onipresentes em todas as obras de fantasia. A visão de elfos, anões e orcs que são mais comuns derivam inteiramente de como Tolkien os descreveu, além dos hobbits/halflings que são criações originais do autor.
Para nós RPGistas, além das relações óbvias, há muito o que podemos aprender com estes livros. Primeiro de tudo, Tolkien consegue descrever e caracterizar muito bem cada uma das raças (humanos, elfos, anões e hobbits), assim como estabelecer as relações entre elas. E isso sem precisar tornar nenhuma dessas raças “alienígenas” para fazê-las diferentes.
Tolkien também é mestre para mostrar a estranheza e deslumbramento das personagens ao encontrar com os elfos, uma raça considerada “rara” no mundo. Mesmo existindo nações élficas, estas tem pouco ou nenhum contato com os povos humanos, e ainda que seja raro ver um, todo mundo sabe que eles existem. Isso é algo que pode ser facilmente aproveitado para as mesas de jogo.
Também mostra um bom exemplo de como criar e usar em um cenário uma raça completamente maligna ainda que totalmente “natural” e mortal do ponto de vista humano. Na Terra Média os orcs são irredimíveis e sua maldade não é relativizável, o que é uma boa opção para mestres que querem inimigos óbvios e inquestionáveis sem precisar recorrer a demônios e afins.
O Senhor dos Anéis é indubitavelmente um épico, e a forma como o ponto central de toda a história (o Um anel) chega inocentemente até Frodo e força ele a empreender sua jornada é uma excelente inspiração aos mestres de como inserir uma personagem em uma missão importante.
A magia na Terra Média também é interessante de se observar. Ela é abundante e cerca as personagens durante a história inteira. Mesmo assim, em momento algum ela se torna banal ou corriqueira.
Por fim, talvez mais interessante do que a aventura em si são os apêndices presentes no fim de O Retorno do Rei. Estes apêndices dão um panorama geral dos povos, suas histórias, suas características culturais e relações sócio-políticas, além de vários detalhes sobre o mundo em que se passa a história. Estes textos servem como um excelente guia de como um mestre pode desenvolver um bom cenário de campanha que seja ao mesmo tempo crível e fantástico.
Aqueles que já leram O Senhor dos Anéis com certeza podem apontar muitas outras qualidades na obra máxima do mestre Tolkien, e àqueles que nunca tiveram contato com este clássico ou apenas assistiram aos filmes, eu sugiro que leiam os livros e aproveitem tudo o que eles tem a oferecer. Com certeza não irão se arrepender.
O Senhor dos aneis é d+, mas a obra prima de Tolkien é sem dúvida o Silmarillion!!! XD
ResponderExcluirOdeio isso, odeio ter vários livros que quero ler e ficar em dúvida hehe. Nunca li os livros de Tolkien mas lê-los é um antigo desejo meu. Atualmente estou começando a série Torre Negra, do Stephen King, que tem me oferecido várias idéias. A Torre Negra, ou ao menos o primeiro livro, são ótimos para desenvolver a complexidade mental do personagem, visto que o personagem principal é pego muitas vezes questionando a si mesmo e tendo flashbacks de seu passado.
ResponderExcluirOutra coisa que uso de inspiração é a série Merlin. Apesar de não ter lido nenhum livro da época arturiana, e conhecer apenas o básico da história, eu sei como a série Merlin muda muita coisa e certos fatos na trama não tem muita coerência. No entanto a série oferece vários fragmentos de idéias para aventuras, como ítens, poções e situações para envolver o personagem.
@Red Dragon: Só não concordo com você porque Tolkien nunca teve a oportunidade de terminar "O Silmarillion". O filho dele fez um bom trabalho com os textos originais, mas infelizmente não chega à perfeição da narrativa de seu pai em O Senhor dos Anéis. O livro é meio "duro" de ler.
ResponderExcluirSe Tolkien tivesse aprontado O Silmarillion para publicação, com certeza seria sua obra-prima.
Viva o mestre Tolkien!
ResponderExcluirO Senhor dos Anéis é o melhor livro que já li. É uma obra onde tudo se interliga, não fica nenhuma ponta desamarrada. Fico impressionado com o ótimo senso de causa e consequência que Tolkien passa no decorrer da saga.
Gosto muito de Silmarillion, mas tenho que concordar com o Igor: o texto parece meio duro de ler.
Quanto ao Peregrino: cara, leia logo esse livro!
@Peregrino: Nunca li nenhum dos dois que você citou, mas ouvi falar muito do Torre Negra. Sem falar de que Stephen King escreve muito bem.
ResponderExcluirE como disse o Clérigo: "Leia logo esse livro!"