Esse questionamento surgiu através do Rafael Beltrane, do Vorpal, em uma comunidade do orkut: “O que vocês fazem quando um jogador perde a personagem no meio do jogo?”. O Danielfo deu uma resposta no Pensotopia, e lançou a questão para os demais blogs. Aceitando o desafio, vou tentar explicar como eu lido com a morte de personagens em minhas campanhas.
Primeiro de tudo, há duas situações distintas a serem encaradas nesse questionamento:
1 – a personagem morreu no meio para o fim da sessão, e o jogador não ficará tanto tempo sem jogar na sessão;
2 – a personagem morreu no começo da sessão, e isso implica no jogador ficar sem jogar pela sessão praticamente inteira.
Em geral, nas minhas campanhas a primeira hipótese é a mais comum. É também a mais fáci lde lidar, pois é menos frustrante para o jogador.
A primeira coisa que eu faço, sempre, é deixar os próprios jogadores decidirem como vão agir. Se eles decidirem carregar o corpo do companheiro em busca de uma forma de ressuscitá-lo, bem, é uma opção deles e deixo que o façam. Agora, caso decidam botar fogo no corpo e espalhar as cinzas para não ficar nenhum vestígio, bom, também foi uma escolha deles.
Se os jogadores não resolverem por si só a situação, minha segunda atitude é analisar o quão bom para a campanha é ressuscitar a personagem, e a partir daí conversar com o jogador da personagem falecida. Pode ser que por alguma razão eu acredite ser muito complicado trazer de volta à vida uma determinada personagem, sendo melhor mantê-la morta. Nesses casos, simplesmente digo ao jogador para que monte uma nova personagem para a próxima sessão.
Quando não há nenhum impecilho, sempre pergunto ao jogador se ele quer fazer uma nova personagem, ou se gostaria de continuar com a mesma. Se ele aceitar trocar de personagem, ótimo, senão, tento pensar numa forma de trazer a personagem de volta de uma forma que se encaixe na campanha. Mas já que estou trazendo a personagem de volta por meus próprios meios, e não através de uma forma engenhosa arquitetada e executada pelos jogadores, haverá consequências nesta volta dos mortos.
Como regra geral, costumo apresentar em linhas gerais a forma de retornar, sem entrar nos detalhes das consequencias, e dar uma última chance do jogador escolher aceitar ou não. Uma negativa implica em montar nova personagem e esquecer a antiga. Caso o jogador aceite, ele tem sua personagem de volta oa jogo, possivelmente com alguma consequência desagradável, e mais provavelmente ainda, devendo algo para alguém que certamente irá cobrar essa dívida. Em algumas situaçõe também dá pra usar o artifício de dizer que a personagem não morreu realmente, e permitir seu retorno com algum tipo de sequela (acho essa última opção melhor para quando a personagem cai estando separada do restante do grupo).
Já no caso da segunda hipótese, há mais urgência. O jogador ficará bem chateado se teve de sair de casa apenas pra ficar assistindo os seus amigos jogar, sem poder participar de nada. É necessário resolver a situação rápido. Se houver um NPC ou uma personagem de um jogador que faltou disponível, o melhor é dar essa personagem para o jogador controlar até uma solução mais permanente ser encontrada.
Independente disso, as mesmas atitudes da hipótese anterior se aplicam, só que nesse caso, tudo tem de ser feito de maneira mais célere. Incluir uma nova personagem no grupo no meio da sessão às vezes pode ser complicado, mas não é impossível. Na pior das hipóteses, ele pode ser o prisioneiro dos monstros que o grupo acabou de enfrentar, e longe de casa, cansado e desprotegido, o melhor que ele tem a fazer é acompanhar as pessoas que o salvaram. Se a situação não for tão simples assim, sempre há a opção de manter a personagem à parte do grupo, narrando cenas separadamente, até que suas histórias possam convergir de forma condizente.
Na minha atual campanha, no cenário de Ravenloft, aconteceu várias situações diferentes de morte de personagens, algumas nas quais a personagem retornou, outras em que não. No primeiro dos casos, quando o paladino morreu, um vampiro necromante se apresentou ao grupo e ofereceu uma forma de trazer o amigo de volta; como consequencia, vilipendiou a inocência de outro personagem bondoso, deixou cicatrizes terríveis no paladino, e como pagamento pelo seu trabalho forçou o grupo a empreender uma jornada que eles não pretendiam realizar.
Em outra situação, um personagem do grupo morreu enfrentando uma múmia, separado do restante do grupo. Ao invés de simplesmente deixá-lo morto, quando o grupo chegou para enfrentar a múmia, encontrou o companheiro quase sem vida, infectado pela maldição do apodrecimento da múmia, e sem um dos olhos.
Num terceiro caso, um dos próprios membros do grupo foi atrás de um lobisomem clérigo de Malar, que era um tipo de inimigo chantagista desse mesmo membro, e pagou para que ele ressuscitasse seu amigo morto.
Em contrapartida, houve uma sessão em que morreu metade do grupo, e ninguém retornou a vida. Um dos jogadores, inclusive, adorou a forma como sua personagem encontrou seu fim (afinal, não é só porque sua personagem morreu que isso tem de ser decepcionante!).
Ou seja, a meu ver, cada caso deve ser analisado independentemente, e cada campanha tem suas próprias peculiaridades na forma de lidar com a morte das personagens. O importante é perceber como isso afetará o jogo, e evitar que o jogador fique frustrado, afinal, todos estão na mesa para se divertir.
otimas alternativas. eu geralmente tenho um npc sempre junto, pois meus grupos nao sao grandes (atualmente, somos eu e um jogador, cada um controlando mais de um pc/npc)
ResponderExcluirQuando postei uma regra para seqüelas tive a intenção de parametrizar as "cortesias" do mestre. Mas como vc bem apontou, tanto jogador, quando mestre devem estar cientes de que isto é melhor para história e não deixarem uma regra fixa decidir.
ResponderExcluirTeve até citação sobre mim ali.. \o/
ResponderExcluirComo jogadora citada posso dizer que na campanha em questão o meu critério é: Interpretação.
Como na vida real os personagens tem seus amigos (seus membros do grupo mais chegados). Se o cara é "parceiro" o personagem sobrevivente traz de volta, vai buscar se é sequestrado, tenta curar de uma maldição, doença etc...
Se não é... se lascou.. =p