Começar é sempre a parte mais difícil. Por onde iniciar? Do que falar? Melhor começar pela razão que me levou a montar esse blog.
Comecei no RPG mestrando a velha caixa preta do D&D da Grow, e apesar dessa edição ter garantido muitas boas horas de diversão, ela tinha um sério problema: os personagens só evoluíam até o 5º nível. Naquela época, a evolução óbvia para mim e muitos garotos da mesma idade que jogavam o Dungeons & Dragons era o AD&D 2ªed. Era a forma de poder evoluir seus personagens para além do 5º nível sem precisar ficar inventando o que vinha depois. E foi isso que aconteceu, parti para o AD&D (curioso que, naquele tempo, eu achava que o “2ª edição” se referia ao fato de que o D&D era a 1ª edição, e logicamente, o AD&D seria a 2ª edição do mesmo jogo. Afinal, eu nunca havia topado com um AD&D 1ª edição na vida).
Mais muitos e bons anos de jogo se passaram, e sempre achei o AD&D um jogo excelente, por mais que algumas coisas precisassem de uns ajustes. Mas aí, perto da virada do milênio anunciaram que nosso querido Dungeons & Dragons ganharia uma nova edição. Acompanhei com entusiasmo todas as notícias que saíram sobre a futura “3ª edição” do D&D crente de que essa edição consertaria todos os problemas do AD&D 2ªed. Quando peguei o D&D 3ªed na mão pela primeira vez, no entanto, a sensação foi outra, de estranheza: o jogo era diferente, não parecia muito com o AD&D. Onde estava o THAC0? Classe de Armadura crescente? Todo mundo usa a mesma tabela de XP? E principalmente, porque os halflings estavam parecendo kenders?
Mas tudo bem, provavelmente era só a primeira impressão de estranheza, ainda estava ansioso para jogar esse novo D&D. E joguei. Muito. E com o tempo de jogo eu fui notando que realmente ainda era o D&D, tudo que era preciso para isso estava lá; mas da mesma forma, não era mais o AD&D, nem mesmo o D&D “1ª edição”, era alguma coisa diferente. O estilo de jogo era forçadamente diferente, dadas as novas regras. E eu percebi que gostava mais do estilo de jogo que permeava o AD&D, mas mesmo assim, continuei jogando a 3ªed.
Por fim, agora nós temos o D&D 4, a “4ª edição” do Dungeons e Dragons. Dessa vez, o anuncio do novo conjunto de regras não me fisgou como no lançamento da 3ªed, eu já havia me tornado um jogador mais cético, esperando ver as novidades para ter uma opinião a respeito. E quando vi essa edição, dei uma olhada, não gostei muito, joguei umas duas sessões, e finalmente cheguei a minha conclusão: não gostei mesmo, a 4ª edição não é para mim. A impressão é que a lógica interna do jogo mudou demais. Enquanto “jogo”, deve funcionar bem, mas a mecânica ficou muito mais próxima de um videogame do que do bom e velho Dungeons & Dragons.
Não quer dizer que essas edições mais recentes não tenham nada de bom, pelo contrário, há algumas “grandes sacadas” nesses novos sistemas (principalmente na 3ªed), coisas que eu realmente gostei e incorporaria no AD&D se voltasse a jogá-lo. Eu inclusive cheguei a cogitar em fazer um “híbrido” do AD&D com o D&D 3ªed, logo após poucos meses depois que comecei a jogar a 3ªed, mas a preguiça foi mais forte, e esse projeto nunca saiu do embrião.
No ano de 2009 eu finalmente descobri a Renascença Old School e todos os seus retroclones e pseudo-retroclones, um “movimento” de jogadores que tem como interesse primordial voltar ao velho estilo de jogo dos primórdios do Dungeons e Dragons. E pesquisando sobre esse movimento tão interessante, sem querer eu me deparei com algo que achei maravilhoso: alguém havia feito o “AD&D 3ª edição”!
Uma espécie de “o que a 3ª edição deveria ter sido”, seguindo a linha do AD&D ao invés de criar toda um nova lógica de jogo que empurra os jogadores a um outro estilo de jogar (pretendo falar disso em outra postagem). Era basicamente o híbrido que eu havia imaginado fazer tantos anos antes, misturando conceitos do AD&D com conceitos do D&D 3ªed, criando um jogo ao mesmo tempo moderno e com o estilo antigo de jogar Dungeons & Dragons. Claro que não era “perfeito”, se eu o fizesse, faria várias coisas diferentes. Mas o que eu faria diferente? O que eu mudaria?
E foi esse exercício mental de pensar o que poderia ser diferente nessa nova edição não oficial do Dungeons & Dragons que finalmente me levou a um ponto crucial, o ponto que me levou a fazer esse blog. Se eu podia “pensar” no que fazer diferente, porque não realmente “fazer”? Sim, fazer uma versão do Dungeons & Dragons que tenha o melhor (na minha opinião, claro) de cada edição já lançada, de modo a criar um jogo que eu tenha total prazer em jogar, sem precisar me preocupar com ter de mudar isso ou aquilo para se encaixar ao meu estilo de jogo.
Então, esse blog é principalmente para isso, discutir cada decisão que eu tomei e ainda tomarei em relação a essa minha versão do AD&D (que eu apelidei de AD&D 3.5 já que usei por base o excelente AD&D 3ªed de Chris Perkins), e também falar sobre as peculiaridades de cada edição do Dungeons & Dragons que eu descobri e analisei durante minhas pesquisas para a construção do meu “híbrido”.
Espero não fazer isso sozinho, e ouvir as opiniões de outras pessoas, e até mesmo aprender um pouco mais sobre esse jogo que eu tanto gosto.
Decisão apoiada!
ResponderExcluirNão se fazem mais Dungeons&Dragons como antigamente! ;)
salve amigo corvus!
ResponderExcluirlegal ver seu blog, estou fazendo votos q de certo e q vc goste dele!
eu tb comecei no d&d com o da grow, mas a evolução alem do 5 nivel veio com a dragao brasil e suas regras "inspiradas" em outras. por sinal. jogavamos tudo q vinha na DB, e usamos todas as classes e raças q a revista trazia.
gary gygax ja dizia que cada versao era uma versao, e nao uma "evolução". logo AD&D 2ed nao era uma "melhoria" do 1ed, e sim outro jogo (mas ainda aceitavel, de acordo com suas palavras). ja a 3x e a 4 se tornaram coisas a parte, como vc ilustra muito bem no post.
bom, ficam meus desejos de sucesso! abraço!
Isso aí. Old School na veia. É sempre bom uma alternativa ao modo de jogo "power play" sedimentado na 3ª edição (e o modo despersonalizado da 4ª)
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