Um dos temas mais recorrentes nas obras de fantasia é o mago que vive para sempre. De Merlin aos planeswalkers de Magic: The Gathering, diversos são os casos de magos de vida extremamente longa, e variados também são os meios para se atingir isso.
Alguns conseguem a façanha por não serem exatamente humanos, como Merlin (um cambion, ou meio-demônio) ou Gandalf (um Maia), mas outros atingem este estado através de algum ritual ou conhecimento secreto.
Com isso em mente, não seria muito absurdo extrapolar que, generalizando, o objetivo final de todo praticante das artes arcanas é descobrir o segredo da imortalidade. E é daí que parte minha ideia.
Existiriam alguns rituais, todos eles conhecidos por poucos e extremamente bem guardados, que se devidamente realizados, permitiriam a um mago viver para sempre. Alguns destes rituais inclusive, ainda que mágicos em sua natureza, poderiam até mesmo ser utilizados por não-magos.
Existem também modos paliativos, como poções de rejuvenecimento (que apenas devolve alguns anos de vida), a magia Clone (que produz uma cópia com as memórias e conhecimentos apénas até o momento em que foi copiado), a magia Reencarnação (que não permite escolher o corpo, e não funciona após morte por velhice), ou tornar-se um morto-vivo comum (cuja maioria ou é não inteligente, ou depende do interesse de outras pessoas para realizar o processo como é o caso de múmias, ou é um servo de quem o transformou).
Os rituais, por outro lado, seriam mais permanentes e mais garantidos. No entanto, a maioria dos rituais não é infalível, existindo meios de destruir o mago, ainda que isso seja difícil, e muitos trazem consigo uma série de efeitos colaterias que nem todos estão dispostos a sofrer.
Alguns exemplos destes rituais seriam os seguintes:
Lich – Talvez o mais conhecido e clássico dos caminhos que os magos tomam para a imortalidade. Vários sã os tipos de lich, mas praticamente todos envolvem a criação de um filactério e de uma poderosa poção que pode matar definitivamente o mago ao invés de torná-lo um lich. Aqueles que não são poderosos os suficiente para virar um lich podem tornar-se um vassalich. Da mesma forma, lichs muito antigos podem tornar-se demilichs.
Carniçal – O mago pratica canibalismo em troca de imortalidade... e corrupção física imutável. Nada que se faça para mudar a aparência de volta ao normal funciona por muito tempo.
Pequenas vidas - Ingerir seres ainda vivos confere o tempo de vida restante a eles à vida do mago. Alimentando as criaturas com outros seres vivos antes de ingerí-los possui uma espécie de efeito em cascata, potencializando o ritual.
Invertendo a cadeia alimentar – Praticando este ritual, o mago ao morrer automaticamente reencarna como um camundongo, que precisa matar um rato para possuir o corpo deste, que precisa matar um gato, que precisa matar um lobo, que precisa matar uma pantera, que precisa matar um homem para finalmente voltar a ter um corpo humano.
Clone dimensional – Diferente da magia Clone, o procedimento traz seu "eu" de uma linha alternativa de tempo para substituir o da linha de tempo “normal”. Uma espécie de processo automático, mas que tem chance de dar muito errado.
Troca de corpo – Ao morrer, o espírito do mago possui um corpo próximo, desde que exista um ao alcance. Rola-se novos atributos físicos, mas mantém-se os mentais.
Banhar-se em sangue - Banhar-se no sangue, preferencialmente de jovens. O sangue tem de estar limpo, isso é, as vítimas não podem ter sido envenenados ou estarem doentes. É necessário 1d4+1 vítimas para o ritual. O tempo até o próximo banho de snague é de (100 - soma da idade das vítimas) em dias. Dizem que há chance de adquirir características vampíricas ao praticar este ritual.
Objeto de troca – O mago liga sua alma e vida à um objeto (geralmente um retrato, estátua ou boneco de si mesmo) que envelhecerá e sofrerá todos os danos que deveriam ser destinados a ele. O objeto nunca se destruirá naturalmente desta maneira; no entanto qualquer dano realizado no objeto é sofrido pelo mago. É possível que haja versões desse ritual que ligam a vida do mago à de uma criatura imortal (um demônio, gênio, criatura celestial, etc), mas isso traz o inconveniente de ser necessário manter a criatura presa para garantir a imortalidade.
Demônio mecânico – Ritual que permite reparar partes danificadas do próprio corpo e substituir órgãos vitais por artefatos mecânicos. O próprio sangue eventualmente pode acabar precisando ser substituido, normalmente por óleo, água ou areia.
Transplantes – O mago torna-se capaz de repor partes danificadas, doentes ou não-funcionais do próprio corpo com partes de outras criaturas, efetivamente extendendo sua vida para sempre.
Golem vivo – Um método que permite ter a alma tranferida para uma armadura/golem através de rituais que envolvem a construção de um filactério. O mago existirá preso em um selo ou jóia (o filactério) no interior do golem, e só estará verdadeiramente destruído se este for danificado.
Existência fungal - O corpo do mago é contaminado por um fungo que aos poucos vai substituindo os órgãos vitais com cópias construidas de matéria fungal, até que todo o corpo dele seja um simulacro de hifas. Caso todo o corpo seja destruído, dado o devido tempo e condições, um novo corpo crescerá de esporos expelidos pelo antigo corpo.
Cancermage – Através desse ritual, tumores e doenças infectam o corpo do mago, cujas próprias células tornam-se infecciosas. Basicamente, uma forma de regeneração constante e acelerada, que ocorre mesmo sem necessidade. A característica infecciosa permite ao mago viver em outro corpo, caso seu corpo original seja destruído.
Ossos de ouro - A pele do mago torna-se dourada, e ele precisa se alimentar com ouro diariamente (1 PO por nível por refeição, 3 refeições por dia, talvez). Ao morrer, seu corpo instantaneamente se decompõe, deixando à mostra apenas seus ossos feitos de ouro. Se qualquer criatura tocar os ossos, seu corpo é possuído pela alma do mago, e sua pele torna-se dourada. Os ossos são indestrutíveis, e um imenso chamariz para os incautos.
Vampiro - Não o tipo comum, mordido por outro vampiro. Isso tornaria o mago um servo de quem o transformou. O vampirismo adquirido através de um pacto profano torna o mago um morto-vivo livre, poderoso e inteligente.
Vencer a morte – O mago convoca a morte e a desafia. Como desafiada, a morte geralmente escolhe a competição (usualmente xadrez). Se vencer, o mago torna-se imortal, se perder, a morte o leva imediatamente. A morte é um oponente muito dificil de ser vencido, e trapacear é possível, mas ainda mais complicado.
Pacto - Um pacto com uma criatura extraplanar, que confere imortalidade enquanto algum tipo de ritual ou sacrifício for realizado regularmente. Se o ritual em questão por alguma razão não for realizado no momento adequado, a criatura automaticamente vem buscar o mago, condenando sua alma para sempre.
Bruxa - Por alguma razão desconhecida, apenas mulheres são capazes de tornarem-se bruxas, e o processo invariavelmente torna-as malignas. Bruxas parecem viver indefinidamente, enquanto corrompem a própria natureza à sua volta.
Sangue de fada - Uma das formas de viver para sempre é tornar-se um membro do povo-fada. A forma mais comumente conhecida para tal é entrar no mundo das fadas e provar de sua comida; no entanto, ao fazer isso, nunca mais se pode sair daquele mundo. Talvez haja alguma outra maneira, mais complexa, que permita a alguém tornar-se do povo-fada e continuar no mundo dos mortais.
Escolhido dos deuses - Ser escolhido por um deus para tornar-se seu porta-voz no mundo não é coisa fácil, e depende muito da vontade da divindade em questão. Mas e se a divindade da magia não for exatamente uma criatura, mas sim a consciência coletiva da magia, uma mente que misticamente surgiu da teia de energias mágicas que permeia todo o universo? Talvez, nesse caso, seja possível acessar esse poder através de rituais arcanos, e forçar a "deusa da magia" a torná-lo um "escolhido". Magia bruta é capaz de qualquer coisa, inclusive sustentar alguém vivo indefinidamente.
Demiurgo - O Demiurgo é o mago supremo de uma realidade, um ser que além de imortalidade detém também o conhecimento máximo possível sobre a magia e controle total sobre a própria magia do mundo. Portanto, apenas um único Demiurgo pode existir a cada vez. A posição confere poderes que rivalizam com o de divindades menores, e provavelmente também algumas responsabilidades.
Deus ou Semideus – Aquele que provavelmente é o caminho mais difícil a ser trilhado para a imortalidade é atingir a divindade. Há alguns rituais que se pode realizar para se tornar um Poder, ou um verdadeiro Imortal, e envolve a realização de diversos feitos de importância lendária.
A maioria destes rituais, se realizados, automaticamente impedem a realização de qualquer outro com o mesmo fim, exceto talvez tornar-se Escolhido dos Deuses, Demiurgo ou Divindade.
Seria bastante interessante definir os requisitos, métodos e consequências da realização de cada um destes rituais para que os jogadores possam tentá-los se os descobrirem, e é algo que pretendo fazer em algum momento.
Imagino também se é interessante quantificar de algum modo o aprendizado destes rituais, de modo similar ao número de magias que podem ser aprendidas. Isso poderia servir como uma forma de limitar o número de rituais que um mesmo mago pode aprender, e assim também forçar que um personagem tenha de escolher um ou outro caminho de pesquisa. Não estou bem certo quanto a isso, nem em como faria tal coisa.
Gostaria muito de ouvir a opinião de outras pessoas sobre a ideia. Alguma sugestão de outros métodos de atingir a imortalidade? Alguma opinião sobre quantificar, limitar ou categorizar os rituais?