É bastante difícil escolher a sessão mais impactante. Afinal, o que é "impactante"? O que isso quer dizer realmente? E dentre tantas sessões de jogo, boas e ruins, como escolher qual teve mais impacto?
Decidi que para responder a essa pergunta eu deveria escolher uma sessão que eu tenha participado como jogador, e não mestre. E a sessão tem de ter criado algum impacto duradouro, nas sessões seguintes, na campanha, no cenário, no que for.
Com isso em mente, eu escolho minha primeira sessão de D&D 3.0 ainda no ano 2000, poucos meses após o lançamento do jogo. Decidi montar um guerreiro, e decidi que ele teria o feat whirlwind attack (ainda que isso fosse levar muitos níveis). Decidi também que ele iria se tornar um dwarven defender, porque achei o conceito da classe muito legal, e porque também era a única prestige class de guerreiro no livro. E que ele seria humano.
Pois é, perceberam a falha no plano? Humanos não podem ser dwarven defenders, uma classe específica para anões. E eu tinha total consciência disso. Vai daí que inventei uma história completamente maluca de que após anos em uma guerra, o pai de meu personagem retornava para casa para descobrir que sua esposa tinha um filho recém-nascido, o qual ela jurava que era filho de Moradin, deus dos anões. O homem engole a história, e cria seu filho dizendo a todos que é essa a verdade. Alguns anos após, os pais morrem em um ataque de orcs e a criança é criada por um grande amigo da família, um guerreiro anão, que honra a memória do falecido amigo defendendo até as últimas consequências essa história absurda.
E assim nascia Mormegil, o guerreiro humano caótico e bom completamente normal que se dizia um semideus filho de Moradin. E exigia de todos a deferência devida a um semideus.
Essa primeira sessão foi impactante porque meu personagem contava essa história com tanta convicção, e agia de acordo com tal afinco, que o mestre mandou eu anotar um bônus natural de +4 e na perícia Blefar (não é que Mormegil não acreditasse nessa história, mas ao mesmo tempo ele tinha consciência de que ele não era mais humano que ninguém que ele conhecia - ainda assim, todo mundo que ele amava não poderia estar mentindo, não é?)
Ele mentia feitos e habilidades que um guerreiro de 1º nível obviamente não possuíam, e vendia-se como um grande herói para alavancar sua reputação. E no fim, isso acabou dando certo. Bastante certo.
Ele tornou-se um grande herói, "derrotou" um deus apenas com sua lábia, tornou-se o primeiro (e único) dwarven defender humano do mundo, constituiu família, deixou uma filha como uma grande aventureira no cenário, e tornou-se um marechal em uma guerra interplanar contra uma horda de demônios invasores. Mais do que um personagem de nível alto, ele tornou-se um NPC importante no cenário em que jogávamos.
E aquela primeira sessão, em que eu inventei histórias absurdas como um louco, moldou completamente a personalidade do personagem e o modo que ele influenciou o cenário. Tudo porque eu decidi que daria um jeito do mestre ter de deixar meu personagem humano ter uma classe específica para anões - no roleplay.
Que maneiro! Eu sempre falo que se o jogador criar uma história genial igual a que você fez, várias coisas podem ser permitidas!
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