Ao escrever a postagem do outro dia sobre o filme do John Carter de Marte, eu percebi que falhei em postar aqui uma opinião sobre o novo filme do Conan. Este não é um blog sobre cinema, de modo algum, mas após ter postado mais de uma vez os trailers do filme, sinto que há uma certa obrigação de minha parte em comentar sobre o filme. Já aviso: se não quiser alguns spoilers, não continue lendo!
Eu já sabia de antemão que o filme seria ruim, então já estava preparado. No entanto, o filme conseguiu me surpreender! Ele não é ruim, é muito ruim!
Começa pelo ator principal, Jason Momoa. Algumas pessoas acham, que ele é “pequeno” demais para ser o Conan, eu não tenho nenhuma crítica quanto a isso, mas alguém deveria avisar ao Momoa que bárbaros cimérios não fazem a sobrancelha. Mas o maior problema é que falta ao ator a principal característica do personagem: carisma.
Momoa até conseguiu entender a ferocidade e brutalidade de Conan, o desapego às convenções da civilização e o estilo de vida mercenário, mas tudo isso sem o carisma que Conan deve ter faz dele apenas um escroto cheio de si e insuportável, exatamente os tipos que formam a maior parte dos inimigos de Conan.
Provavelmente, essa é a maior qualidade da versão de Conan feita por Arnold Schwarzenegger: a despeito de sua boa (ou má) atuação, o Governator é um cara altamente carismático, como um bom Conan deve ser.
Além do protagonista, quase todos os demais personagens também são sem graça, principalmente os “companheiros” de Conan (os vilões até são melhorezinhos). O melhor personagem do filme é disparado o pai do Conan interpretado por Ron Perlman.
Entre os vilões inclusive há um que perde o nariz logo no início em um confronto contra Conan, e passa a usar uma espécie de máscara para esconder a deformidade. Sinceramente, para mim é simplesmente incompreensível e imperdoável terem perdido a oportunidade de fazer um vilão que usa um nariz de ouro.
Mas não dá para ter certeza se é culpa dos atores, ou dos roteiristas e do diretor. Sim, porque o roteiro é bem mais ou menos, e com muitas cenas mal dirigidas.
Não bastasse, as cenas de ação (que esperava-se fossem o melhor do filme) são fracas, muita coreografia e pouco “vamos ver”. Isso sem contar alguns oponentes que seguem uma “lógica de videogame”: tem um monstro cheio de tentáculos, por exemplo, que ataca Conan na água uma única vez, então deixa ele nadar em paz. Quando ele sai da água, o monstro dá tempo para o vilão e Conan trocarem suas falas, e então surgem os tentáculos! Maaas, tão logo o vilão (ou diriamos o “chefe da fase”?) é morto, os tentáculos voltam para a água, sem que Conan tivesse efetivamente matado o monstro! Sério, quem foi o gênio que bolou essa cena?
A essa altura o filme não está mais em cartaz em local algum, mas logo, logo deve sair em DVD. Aqueles que não viram o filme no cinema podem pensar “será que eu perdi alguma coisa em não ver em 3D?”. Bem, por falta de opção, eu acabei assistindo ao pacote completo, em 3D e tudo. E posso afirmar que o 3D é fraquíssimo e desnecessário. Só se percebe nos créditos iniciais e finais, e em mais duas ou três cenas ao longo do filme.
No fim, não é um filme impossível de ser assistido, apesar de fraquíssimo. Mas tem-se de ter em mente que não se deve esperar nada do filme. E nem preciso falar que o protagonista do filme não tem nada do Conan de Robert E. Howard. Talvez, quando abandonarem a mania de querer retratar o aspecto bárbaro de Conan e focarem–se no Rei Conan, tenhamos um filme melhor.