“Lorde Gotardo Lathspell, filho de Kormoran, neto de Raveran, Marquês da Gotania, vulgo Gota, O Reluzente”. Era assim que se apresentava o guerreiro humano de um de meus jogadores em minha primeira campanha de AD&D.
Na verdade a campanha começou ainda no D&D da Grow, e depois foi transferida para o AD&D 2ªed, e Gota foi o único personagem que manteve-se da primeira à última sessão da campanha, sem nunca morrer.
Para mim este personagem representa o ideal do personagem de D&D, desde a montagem de sua planilha até seu destino em jogo. Seus atributos foram gerados de forma aleatória, na ordem. Ele tinha 13 em Força, 14 em Carisma e 16 em Inteligência, mesmo assim o jogador montou um guerreiro, porque era com essa classe que queria jogar.
Ele começou como um guerreiro nível 1, preso em uma cela e sem nada além da roupa do corpo, e acabou como um lorde guerreiro/mago, possuidor de uma montanha de itens mágicos (grande parte vinda de seus companheiros mortos), com seu próprio exército, castelo e terras. Terras estas que foram compradas em jogo com o tesouro conquistado em aventuras. O jogador até mesmo escreveu as leis de seu feudo, determinou o valor dos impostos, fez um mapa do feudo e nomeou as regiões em memória de seus companheiros de grupo.
Ele era um verdadeiro herói para o povo local. Mas na verdade era Neutro e Maligno (Egoísta). Só que ser maligno não é o mesmo que ser idiota, ou querer ser odiado por todos. Ele sabia equilibrar seu egoísmo com o que era mais vantajoso para ele; assim, ele salvou o povo de sua cidade diversas vezes, o que lhe rendeu fama, fortuna e as glórias da nobreza local.
Para mim é até hoje um grande exemplo de como um personagem de D&D bem sucedido deve ser.
muito bom MESMO! simples e aparentemente divertido!
ResponderExcluire neutro mal me parece ser uma das melhores, senão a melhor tendencia para governantes
Maneiro esse personagem, teve uma evolução foda durante toda a trajetória.
ResponderExcluirEu também tenho um personagem favorito com o qual eu nunca joguei... Fruto da imaginação de um grande amigo meu... Um clérigo anão, de pele negra como ébano, barbas grisalhas e mais velho do que o bom senso permitiria; um Lorde Anão exilado chamado Glordriver Aumar, mais conhecido como Martelo, líder do clã Mimbari, a casa dos reis guerreiros da Forja Celeste.
A ideia era, ao meu ver, uma das coisas mais estranhas que um jogador já me apresentou, mas rendeu uma campanha extremamente maneira, que todos os outros jogadores trabalharam para que terminasse em sucesso:
O anão era o último líder de um clã que foi destruído por uma guerra entre elfos e anões, mas essa guerra não foi na Terra (ou em Toril, onde a campanha se passava), essa guerra havia acontecido além das estrelas! Com a derrota do clã, Martelo liderou os últimos servos e familiares para Faerûn, onde passariam a viver com os anões dourados na profunda Grande Fenda. Martelo jurou vingança, mas o passar de uma centena de anos arrefeceu seu ódio, tomando como objetivo principal encontrar uma antiga fortaleza anã que pertenceu a seu povo, e que estaria perdida em algum lugar de Faerûn, permitindo salvar seu povo da extinção. Com o tempo ele passou esse objetivo para o filho e a nora, tomando para si apenas a função de líder e administrador. Mas o destino iria querer algo diferente, já velho e atacado por artrites e pela gota, após a morte do filho em uma emboscada feita por orcs, Martelo se viu obrigado a vestir novamente a velha armadura de batalha, pegar o esquecido martelo de guerra e partir em busca de sua fortaleza, algo que poderia salvar seu clã da extinção que se aproximava.
E foi aí que a campanha começou! Esse era só o background que o jogador me apresentou.
Durante muito tempo, acho que um ano e meio no mundo real, Martelo vasculhou os reinos e encontrou sua fortaleza, tendo a alegria de levar sua nora e filhas para o lugar, mas não vivendo o suficiente para ver a fortaleza repovoada pelos anões de seu clã...
(Infelizmente o jogador morreu na vida real, alguns dias depois da sessão em que encontramos a dita fortaleza anã... mas o grupo todo concordou que deveríamos continuar o trabalho de Glordriver e ajudar o clã anão a reconstruir sua casa, mesmo após a morte de Martelo... E assim a fortaleza foi renomeada com o nome de Aumar, a Cidade do Martelo!)
Esse personagem foi especial porque teve um efeito claro no grupo: depois dele, todos os personagens dos jogadores começaram a ser tão desenvolvidos quanto Martelo, eram tão humanos e reais, em suas atitudes, motivações e pensamentos quanto o anão. E os personagens dos mestre também! Comecei a me esmerar cada vez mais na criação dos personagens, do mundo, do clima do cenário... E, claro, o principal efeito foi com a morte do Leo, que uniu o grupo cada vez mais, consolidando uma amizade que dura até hoje.
Tudo ganhou uma nova dimensão depois de Glordriver Aumar, líder do Clã Mimbari, a casa dos reis guerreiros da Forja Celeste!
Um trabalho brilhante de um dos meus amigos, infelizmente o último.
E como Martelo dizia: "Você pode queimar as impurezas de mim, mas o ferro permanecerá!!"
Essa história é incrível Denilson!
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