Eu tenho certeza que já falei disso aqui em outra ocasião (talvez até mais de uma vez): a maior surpresa que eu já tive em uma sessão de jogo foi um jogo de xadrez contra a Morte.
Última sessão da campanha de Ravenloft, eu era o mestre. No clímax da sessão, o grupo enfrentaria um aspecto da própria Morte, que eles deixaram que fosse invocado em um ritual a muito tempo atrás, ainda no segundo arco de histórias da campanha.
A Morte não é nenhum bárbaro insano, nem nenhum monstro irracional, apenas uma entidade que cumpre sua missão despassionadamente, assim, revela-se ao grupo de forma calma e aceita argumentar com os personagens – mesmo depois de ter sido atacada pelo bárbaro, que morre com um único golpe de sua foice (armas vorpais são cruéis!).
Claro que a Morte não é um inimigo comum, daqueles que é só combater para vencer. Eu havia pensado em duas ou três maneiras específicas, mas totalmente ao alcance do grupo, para que a Morte pudesse ser vencida, mas certamente não seria um combate fácil. Mas eu definitivamente não havia planejado o que acabou acontecendo.
Eis que, durante a breve argumentação com a entidade, o monge do grupo desafia a Morte para uma disputa pela vida de todos, de forma muito respeitosa, diga-se de passagem. Nesse momento eu confesso que parei por alguns momentos.
Sério, eu não havia pensado nisso. Eu não imaginei que eles pudessem desafiar a Morte de uma forma tão literal. Mas então eu lembrei que como há jurisprudência sobre o caso, a Morte aceitaria. Como desafiada, a Morte teria o direito de escolher a natureza do duelo. E, como não podia deixar de ser, ela escolheu um jogo de xadrez.
A Morte é uma enxadrista experiente.
A Morte então escolhe as peças pretas – decidi que ela sempre escolhe as pretas, pois afinal a Morte é o fim e nunca começa nada. E daí começou a disputa. Podíamos ter jogado uma partida de verdade, mas eram mais de 6h da manhã, de uma sessão que começou às 15h do dia anterior, um jogo de xadrez definitivamente não cairia bem naquele momento. Decidi por uma sequência de rolagens de Inteligência, ganhando a partida a personagem que atingisse a soma total de 100 nos testes primeiro. A Morte tinha todos os atributos em 25, o monge possuía Inteligência 10.
Eis que, quando a Morte estava a uma rolagem de atingir os 100 pontos (eu tive um baita azar com os dados naquela cena da aventura), o monge atingiu 99... e então outro jogador lembrou que o personagem dele havia lhe abençoado com uma magia Guidance no inicio da partida. Uma magia que confere um bônus de +1 em seu próximo teste.
Assim os personagens venceram o avatar da Morte, graças à coragem do monge do grupo em desafiá-la para uma partida de xadrez!
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