Um. Único. Sozinho. Solitário. Solo. Aventuras solo. Que RPGista da minha época não guarda memórias dos livros-jogos da série Aventuras Fantásticas?
É verdade que a série continua existindo e ainda é publicada até hoje, mas durante os anos 1990 elas foram muito mais populares no meio RPGista do que o são hoje em dia. Elas eram uma forma de jogar RPG sem a necessidade de um grupo, naqueles momentos em que a galera não conseguia se reunir.
O visual dos livros publicados nos anos 1990.
Claro que existem outras séries de livros-jogos, mas a Aventuras
Fantásticas é provavelmente a série mais icônica de todas, ao menos aqui
no Brasil. E eu aprendi muitas coisas com essa série de aventuras solo. Coisas que são úteis para qualquer jogador de RPG.
Uma das primeiras coisas que se aprende com esses livros é que às vezes uma simples escolha errada possui consequências catastróficas, possivelmente levando à morte. E uma escolha errada não significa que possuindo informações para fazer uma escolha melhor você optou pelo rumo de ação pior, nada disso, significa apenas que, sem muitas informações e tendo de tomar uma decisão, sua opção mostrou-se errada.
Me ensinou também que, em algumas situações, não há opção boa a se escolher, você pode ser confrontado entre uma opção ruim e uma menos ruim, mas ambas são desagradáveis.
Outra coisa que aprendi é que seus personagens morrem. Frequentemente. E não há muito o que você possa fazer a respeito. Afinal, os dados nem sempre são seus amigos, e nem a melhor das planilhas pode te fazer vencer sempre.
Por fim, e talvez mais importante, aprendi que o mundo não está lá para servir a você de nenhuma maneira. Nem tudo existe para você explorar e lucrar. Algumas coisas simplesmente não devem ser manipuladas, algumas situações não devem ser vividas, pois as consequências podem ser péssimas e você sai da situação pior do que entrou.
O visual da atual encarnação das Aventuras Fantásticas.
Sou da opinião que todo jogador de RPG devia uma vez na vida jogar um livro da série Aventuras Fantásticas. De preferência um dos mais cruéis, como A Floresta da Destruição (onde algumas passagens são uma sequência de eventos ruins, e você pode acabar transformado em um sapo logo no começo da história) ou A Espada do Samurai (onde alguns combates beiram o impossível de serem vencidos e alguns recursos e aliados poderosos podem ser jogados fora sem obter nenhum resultado útil). Isso ajudará a lidar com a frustração de falhar miseravelmente ou perder um personagem devido a uma simples opção errada.
Pensando bem, provavelmente era bom que todo mundo jogasse um desses livros-jogos uma vez na vida, para aprender que o mundo frequentemente não é justo, nem sempre você terá informações suficientes para tomar uma decisão acertada, e coisas acontecem independente das suas capacidades de lidar com elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário